Iniciação à História da Arte – H. W. Janson e Anthony F. Janson – Ed. Imfe – 2ª edição: 1) definição do conceito de arte e sua função. “A arte representa a compreensão mais profunda e as mais altas inspirações de seu criador; ao mesmo tempo, o artista muitas vezes tem a importante função de articulador de crenças comuns”...”A arte nos dá a possibilidade de comunicar a concepção que temos das coisas através de procedimentos que não podem ser expressos de outra forma”...”A arte tem sido considerada um diálogo visual, pois expressa a imaginação de seu criador tão claramente como se ele estivesse falando conosco, embora o objeto em si seja mudo”...”Se não podemos, literalmente, falar com uma obra de arte, podemos pelo menos aprender a reagir a ela”...”É claro que precisamos ter o cuidado de não confundir a criação de uma obra de arte com habilidade ou perícia manuais”... “Sem a realização da idéia na prática não haveria nenhuma obra de arte”...”O salto da imaginação é, às vezes, um lampejo de inspiração, mas só muito raramente uma nova idéia surge plenamente desenvolvida, como Atena da cabeça de Zeus. Pelo contrário, em geral, é precedida por um longo período de gestação, no qual todo o trabalho mais difícil é feito sem a descoberta da chave para a solução do problema”...” Reconhecemos essa diferença quando nos referimos ao artista dizendo que ele está criando algo, e não fazendo algo”...” Decidir o que é arte e avaliar uma obra de arte são dois problemas distintos;(...). Há muito tempo estabeleceu-se entre as pessoas o hábito de fundir os dois problemas em um; em geral, quando perguntam ‘Por que aquilo é arte?’, estão querendo dizer: ‘Por que aquilo é arte de boa qualidade?’ Uma vez que os especialistas não determinam regras exatas, o leigo em geral recorre à última instância de suas defesas: ‘Bem, não sei nada sobre arte, mas sei do que gosto’”...” A arte é parte tão integrante da tessitura da vida humana que nos deparamos com ela o tempo todo, mesmo que nossos contatos com ela se limitem ao mais baixo denominador comum do gosto popular”...”Quando dizem ‘Sei do que gosto’, querem realmente dizer ‘Gosto daquilo que conheço (e rejeito tudo o que não se assemelhe às coisas com as quais estou familiarizado)’; na verdade tais preferências não são absolutamente suas, mas foram-lhes impostas pelo hábito e pelas circunstâncias, sem qualquer escolha pessoal”...”Toda arte envolve auto-expressão”...”Talvez possamos resolver esse paradoxo se compreendermos o que o artista entende por ‘público’. Ele não se preocupa com o público como uma entidade estática, mas com o seu público específico; para ele, a qualidade é muito mais importante do que a quantidade. O público que ocupa e inquieta a mente do artista é um público restrito e especial, e não o público em geral: o mérito da obra de um artista nunca poderá ser determinado por um concurso de popularidade”...”O que distingue o leigo, como já vimos anteriormente, não é que ele seja realmente puro e simples, mas sim o fato de ele gostar de pensar em si próprio como sendo assim. Na realidade, não existe nenhuma separação nítida, nenhuma diferença de caracteres distintivos entre ele e o especialista, mas apenas uma diferença de grau. O caminho que leva à especialização não exclui ninguém que tenha uma mente aberta e capacidade para absorver novas experiências. À medida que o percorremos e aumentar a nossa compreensão, descobriremos que passamos a gostar de muito mais coisas do que havíamos julgado inicialmente. Ao mesmo tempo, entretanto, iremos gradualmente adquirindo a coragem de nossas próprias convicções, até que – se formos suficientemente longe nesse caminho – aprenderemos a fazer escolhas individuais significativas entre as obras de arte. Seremos então capazes de afirmar, com alguma justiça, que conhecemos aquilo de que gostamos”.
O Conceito de Recepção e a Abordagem do Processo Comunicativo - Itania Gomes
O texto debate como os estudos sobre os processos comunicativos são tratados atualmente, de forma fragmentada, enfatizando no processo de mediação as instituições, relegando dessa forma o receptor ao último estágio do processo, qualificando-o como “indefeso e ingênuo”, bem como a pertinência de pedagogia e política neste.
A autora nos conceitua hegemonia: “Hegemonia é uma capacidade de direção realizada; um complexo de atividades culturais e ideais que organiza o consenso e consente o exercício da direção moderada. É uma forma de condução consensual, ao contrário do domínio”. (Itania, p. 21), para que possamos compreender o paradigma em que se encontram os estudos sociais quanto ao processo comunicativo, de base marxista sobre a cultura, onde existe uma infra-estrutura determinante e uma superestrutura determinada, e mais tarde consigamos superá-lo. Ela acredita que essa forma de embate leva a um reducionismo dos estudos sobre a comunicação, classificando esta como apenas um lugar de confronto e recepção como práticas de resistência.
Citando autores como Martin-Barbero e Guilhermo Orozco, propõe a retomada do tema das mediações:
“A mediação aparece nesses autores como espaço primordial para compreender a interação entre audiência e televisão e é entendida como conjunto de valores, idéias, instituições e capacidades cognitivas responsável pelos processos de assimilação, rejeição, negociação, resistência a que estão sujeitas as mensagens de massa”.
Nos fornece sete premissas para tal:
1. A comunicação produzida no pólo da recepção, não da emissão.
2. Entender o receptor como múltiplo agente social e participante dos processos e interações da cultura onde está inserido.
3. O não esgotamento da recepção no momento em que se dá direta e fisicamente do o receptor com as mensagens, mas sim na transcendência e fundição neste e nas suas práticas do seu dia-a-dia.
4. O fato de que, a exposição dos meios, seja ela: crítica ou acriticamente, individual u coletivamente, não ser a variável determinante para a compreensão do processo receptivo.
5. O receptor não nasce, se constrói pelo jogo das mediações.(*)
6. Entender que o Modelo de Multimediações diz que a recepção é a interação dos meios, com a cultura, com as instituições.
7. Perceber que a recepção é um processo mediado intrinsecamente.
(*) A autora nos faz compreender que a questão política-pedagógica é relevante no tocante da estratégia revolucionária mais ampla para a construção de uma nova hegemonia, mas desvia-se da necessidade de compreensão dos estudos das práticas comunicativas.
“Embora Orozco e Martin-Barbero já apontassem para isso, ao pensar as mediações como o campo onde a relação entre os receptores e os meios acontece ou ao procurar compreender as interações entre a produção e a recepção, acreditamos que eles não conseguem ir suficientemente longe, freados que são por um projeto político que vê na recepção um local de enfrentamento”. (Itania, p. 34).
Itania Gomes nos mostra também o risco de se ressaltar as instituições como principais detentoras e difusoras do saber cognitivo, relegando o receptor a um papel secundário. Ressalta que o processo comunicativo tem que ser visto globalmente, priorizando todos os participantes.
A autora conclui que o processo comunicativo deve ser estudado tanto no modo como o campo da emissão ativa a competência dos receptores, bem como o modo com que esses constroem suas faculdades para captar os sentidos. Deve estudar as condições para o uso da comunicação, o contexto onde está inserido, sem privilegiar nenhum dos pólos. E por fim acreditar que o processo comunicativo é o sujeito da comunicação.
O Que É, Afinal, Estudos Culturais? – Tomaz Tadeu da Silva – Ed. Autêntica.
Estudos Culturais: movimento teórico-político com base no marxismo, original da Inglaterra e Estados Unidos, que ressalta as interseções entre a investigação e formação social dentro do contexto cultural onde nos encontramos.
Uma das características dos Estudos Sociais é a interdisciplinaridade, ou seja, diferentes disciplinas interagindo. A composição do eixo principal de pesquisa desses são as relações entre a cultura contemporânea e a sociedade, suas formas e práticas culturais bem como suas relações com a sociedade e as mudanças sociais.
São três os autores citados por Tomaz, sendo o primeiro Richard Hoggart, onde este ressalta que no âmbito popular existe resistência, e não somente submissão, e isso será recuperado mais tarde pelos estudos de audiência dos meios massivos. Em segundo cita Raymond Williams, que nos demonstra que a cultura é quem conecta a análise literária e a investigação social, bem como a intensidade do debate contemporâneo sobre o impacto dos meios massivos, mostrando pessimismo quanto aos meios de comunicação de massa e à cultura popular, dando ênfase antropológica à cultura. Finalmente E. P. Thompson enfatiza o papel do indivíduo dentro da cultura enquanto uma rede de práticas e relações que fazem parte do cotidiano. Entendia a cultura como uma luta entre modos de vida diferentes.
O autor descreve o desenvolver dos Estudos Culturais, mas o pertinente a nossa pesquisa é o que ressalta o quadro destes nos anos noventa. A partir dessa década esses estudos passam a desvencilhar-se da política e englobar atividades de pessoas comuns, testemunhando a voz dos significados que se fazem aqui e agora, mudando a base fundamental que era o conceito de classes, relegando-o apenas a uma variável, focando, portanto as subjetividades e identidades.
terça-feira, 15 de julho de 2008
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