segunda-feira, 14 de julho de 2008

Cinco e Seis

5. Hipóteses
Começo a pesquisa com a premissa de que a programação televisiva atualmente divulga produtos de baixa qualidade artística. Acredito que os motivos seriam dois: 1) a classe dominante não considera interessante a veiculação de arte por acreditar que a maior parte da população não a aceitaria, uma vez que não tem capacidade para tal, portanto não se obteria lucro com isso. Além do que, produtos mais bem elaborados e pouco conformistas não seriam interessantes para manter a dominação ideológica hoje instaurada em nossa sociedade. 2) A maior parte da população brasileira possui preconceito quanto à dita arte erudita, e credita-lhe esnobismo e pedância, além de acreditar-lhe enfadonha.

6. Revisão Bibliográfica
• Iniciação à História da Arte – H. W. Janson e Anthony F. Janson – Ed. Imfe – 2ª edição:
Definição do conceito de arte.
Os autores não conceituam formalmente arte, mas colocam parâmetros para melhor compreendê-la. Tomam por arte uma forma de expressão, que provoca reações e desejo de “leitura”, “diálogos”. Atentam para a diferenciação da criação de uma obra de arte para com habilidades ou perícias manuais, e confirmam o chavão: “Uma obra de arte possui 90% de transpiração e 10% de inspiração”. Ressaltam o quanto existe de um certo preconceito por parte dos leigos quanto a algo desconhecido, que no caso seriam as obras de arte, e o porquê e em que os especialistas se baseiam para qualificá-las. E finalmente ressaltam que pode existir um diálogo mudo com as obras de arte, sem qualquer intelectualização desta, porém, quanto mais nos informamos sobre estas, mais propícios e abertos estaremos a nos afinizarmos com elas, criando dessa forma nossos próprios conceitos e julgamentos.

• História da Arte – Graça Proença – Ed.Ática – 16ª edição - 2005
1)Definição do conceito de arte.
A autora ressalta o quão é controverso o debate quanto a conceituação sobre a arte, enfatizando que os pesquisadores e pensadores sobre o assunto ainda não chegaram a um consenso. Porém qualifica a arte como forma de expressão, tanto de sentimentos, visão de mundo ou idéias. E enfatiza a importância desta citando Ruskin, crítico de arte inglês: “as grandes nações escrevem sua auto biografia em três volumes: o livro de suas ações, o livro de suas palavras e o livro de sua arte”.E acrescenta: “nenhum desses três livros pode ser compreendido sem que se tenham lido os outros dois, mas desses três, o único em que se pode confiar é o último”. Enfatiza a importância, mas nos mostra que arte não deve ser encarada como algo extraordinário dentro da cultura humana, mas sim como parte integrante desta, pois ora retratam o seu cotidiano: sua paisagem, suas crenças, seus hábitos, de forma a espelhá-la.
2) Breve histórico da arte
A autora vai nos narrando o surgimento da arte, ainda simplória no Paleolítico Superior, suas funções descritivas no Neolítico, sua evolução a arte egípcia, grega e romana. A forma como foi cerceada no cristianismo emergente (retornando aos critérios egípcios), seu praticamente desaparecimento no período do início da Idade Média (476 a.C.), o período Romântico (cujo nome remete a Roma) até ao Renascimento, finalizando na falsa estagnação até os movimentos modernos do final do século XIX, início e meados do século XX.

• Filosofando – Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins – Ed. Moderna – 2ª Edição - 1993.
1)Conceito de Estética – Capítulo 37
As autoras designam à estética diversos conceitos, como: I)estética física, cosmética; II)estética paisagística ou ornamental; III)estética da arte, ou período, estilo de arte; IV) finalmente como um campo da Filosofia que estuda o belo e o que ele provoca. Concluem que em todos os conceitos o termo estética está intimamente ligado a beleza, ao belo, dando então lugar de destaque a arte para essa reflexão.
2)Conceito do Belo – Capítulo 37
Discutem as diversas teorias sobre o que é considerado “belo”. Citam Platão representando o classicismo, David Hume os filósofos empiristas, Kant e Hegel tentando chegar a um conceito satisfatório observando vários prismas de análise: pelo classicismo, pelo relativismo, pela subjetividade e pelo contexto histórico.
3)Conceito de Arte – Capítulo 38
As autoras colocam Arte como conhecimento intuitivo do mundo, tanto para o produtor quanto para o receptor. Intuição essa uma vez que o sentimento em relação à obra não pode ser racionalizado, expressado em discurso verbal. Ressalta o papel da imaginação na arte, alertando que “O mundo imaginário assim criado não é irreal. É antes pré-real, isto é, antecede o real porque aponta suas possibilidades em vez de fixá-lo numa forma cristalizada. Assim, a imaginação alarga o campo do real percebido, preenchendo-o de outros sentidos”.(ARANHA E MARTINS, 1993, p.346). Elas fazem ligações entre arte e sentimento, dizendo que este é o acesso da comunhão ente imaginação manifesta, natureza e sujeito. E que é este que consegue captar a expressão (poder de emitir sentidos e exteriorizar o que está internalizado) e enxergar o que está alem da obra, do objeto em si. Nos apontam também que a educação artística só ocorre com a convivência com esta, e que através da educação e da convivência nos tornamos familiarizados com a experiência afetiva que a arte nos proporciona.
4)Funções da Arte – Capítulo 39
As autoras nos dão três “funções da arte”, sendo elas: I)Função Pragmática ou Utilitária. Essa função enxerga a arte não por ela mesma, mas como caminho para atingir um outro objetivo, ima outra finalidade, como a religiosa, pedagógica, política ou social. II) Função Naturalista. A obra nessa função é encarada como cópia da realidade, e foi muito utilizada no período clássico, renascentista e realista. III)Função Formalista. Essa função abrange a preocupação com a forma de apresentação da obra, quais os componentes que a compõe. Há, portanto nessa função uma valorização da experiência estética, e por ela a arte será julgada.
5)O Significado na Arte – Capítulo 40
Estudo sobre discussão de Teixeira Coelho Neto sobre informação estética comparando-a a semântica: “A informação estética, ao contrário da informação semântica, não é necessariamente lógica. Ela pode ou não ter uma lógica semelhante à do senso comum ou da ciência. Ela também não precisa ter ampla circulação, isto é, não há necessidade de que um público numeroso tenha acesso a ela. A informação estética continua a existir mesmo dentro de um sistema de comunicação restrito, até interpessoal, ou mesmo quando não há nenhum receptor apto a recebê-la”.(APUD, J. T. Coelho Neto, Introdução à Teoria da Informação Estética, p. 9-16). As autoras discutem a arte como mais um “texto” a ser lido, e dissertam sobre sua forma, seu conteúdo e o papel das vanguardas artísticas.
6)Concepções Estéticas – Capítulo 41
O texto do capítulo 41 nos esmiúça a linha histórica da arte, explicando os conceitos e teorias de suas diversas fases.
I)Naturalismo Grego
II)A Estética Medieval e a Estilização
III)O Naturalismo Renascentista
IV)A Estética Normativa (ocorrida no iluminismo e academismo)
V)Kant e a Crítica do Juízo Estético
VI)A Estética Romântica
VII)A Ruptura do Naturalismo
VIII)O Pós-Modernismo
• Conceitos de Arte Moderna – Organizador: Nikos Stangos – Jorge Zahar Editor – 1988
Uma visão geral dos movimentos artísticos do final do século XIX e início do século XX.
• O Que É, Afinal, Estudos Culturais – Organizador: Tomaz Tadeu da Silva – Editora Autêntica.
O texto lido é o da Ana Carolina Escosteguy, onde ela nos fornece uma introdução aos estudos culturais e debate a relação cultura/comunicação de massa.
Estudos Culturais: movimento teórico-político com base no marxismo, original da Inglaterra e Estados Unidos, que discute as interseções entre a investigação e formação social dentro do contexto cultural onde nos encontramos.
A autora descreve o desenvolver dos Estudos Culturais, mas o pertinente a nossa pesquisa é o que ressalta o quadro destes nos anos noventa. A partir dessa década esses estudos passam a desvencilhar-se da política e englobar atividades de pessoas comuns, testemunhando a voz dos significados que se fazem aqui e agora, mudando a base fundamental que era o conceito de classes, relegando-o apenas a uma variável, focando, portanto as subjetividades e identidades.
• O Conceito de Recepção e a Abordagem do Processo Comunicativo - Itania Gomes
O texto debate como os estudos sobre os processos comunicativos são tratados atualmente, de forma fragmentada, enfatizando no processo de mediação as instituições, relegando dessa forma o receptor ao último estágio do processo, qualificando-o como “indefeso e ingênuo”, bem como a pertinência de pedagogia e política neste. Nos fornece também uma idéia de como o processo comunicativo deve ser estudado: de forma global, ressaltando todos os seus participantes.

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